O Hounfò (Ounfò) é o templo do Vodu. Ele consiste em uma grande área, que pode ser coberta ou descoberta, chamada de PERISTILO, no meio do qual há um poste centrtal (ou coluna) chamado de POTEAU-MITAN ou, popularmente o Potomitan. Compreenda o Peristilo como o quintal e o Hounfò é uma casa situada nesse quintal, onde parte da ritualística acontece.

O peristilo costuma ser de chão de terra, raramente ladrilhado ou pavimentado. Tem que ter um muro alto o suficiente para não permitir que curiosos fiquem vendo os rituais (Curiosos não são muito desejados no rituais Vodu), igualmente pessoas que não estejam devidamente vestidas estão proibidas de adentrar no local sagrado.

Normalmente, uma bandeira de um dos mais importantes deuses do Vodu, Erzulie Freda, permanece astiada no peristilo (não é uma regra!). Outras coisas como tecidos coloridos, cabaças, símbolos, fogueiras, velas coloridas, vèvè, potes de barro, entre outras coisas, fazem a decoração do local. Dizem que no Haiti, todo Hounfò costumava possuir uma foto do presidente em um quandro em algum local de destaque.

 

Dentro do Hounfò pode haver um ou mais cômodos. Há uma sala chamada DJEVO, onde as pessoas são iniciadas. Essa sala representa, ao mesmo tempo, uma tumba e um útero, por que o iniciado deve "morrer" simbolicamente, claro, e renascer para o culto Vodu. Em grandes Hounfò, pode haver muitos cômodos, também chamados de câmaras, onde cada um deles será dedicado a uma única divindade, como subtemplos dentro de um templo maior. Ou, em outros casos, um Hounfò pequeno pode ter em sua sala principal vários altares, cada um dedicado a uma Loa. Normalmente nas parede do Hounfò está desenhado muitos Vèvè, da nação Petwo à esquerda de quem entra e os da nação Rada na parede direita de quem entra, representando uma forma mágica e simbólica de concentrar a energia das Loas ali dentro.

 

O Badji

 

O Badji é o altar Vodu usado pelo Sacerdote. Trata-se de uma plataforma retangular, feita de pedra, madeira ou mdf, e que tinha como padrão a altura média do peito de um homem adulto. Hoje em dia, é mais comum vermos os Badjis como altares de vários andares, aonde arrumamos em ordem as diferentes divindades e outros objetos relacionados ao Vodu. Um Badji tradicional vai ter muitas imagens católicas e até bíblia. Mas na nossa ótica pagã, isso está definitivamente abolido, sendo substituído por vèvè, imagens das Loas (quando possível) ou elementos ligados à elas. Dessa forma, podemos também encontrar chocalhos rituais, colares, estátuas, velas, bebidas, charutos, livros de ocultismo (no lugar da bíblia), bandeiras e até tambores. Existe também muitos jarros e potes. Alguns desses, chamados de PÒT TÈT (pote da cabeça), no qual contém partes mágicas (saliva, cabelo, pêlo, unhas...) relacionadas aos membros da Fanmi.

Os outros jarros são chamados de Govis, dentro dos quais as Loas são evocadas para serem consultadas ou, principalmente, membros falecidos da Fanmi (normalmente com posição de destaque na hierarquia).

Antigamente (e ainda em algumas Fanmi), o Badji também possuía uma serpente viva (que representa o deus Danballah Wedo, o mais importante na religião Vodu, abaixo de Bondye, no Vodu tradicional, ou abaixo de Nzambi no Vodu Henoteísta ou ele mesmo sendo o deus superior na ótica Pagã), comumente colocada numa espécie de ninho, deixado embaixo do altar, com muito espaço para ela. Até já vi serpente viva caminhando sobre o altar. Mas hoje em dia é menos comum encontrarmos essas amiguinhas em um Badji, por causa do medo que causa nas pessoas que frequentam e por causa de questões ambientais e burocráticas!

 

As câmaras e o Djevo

 

Quando o Hounfò é grande, várias salas são separadas, uma para a ritualística, onde tudo acontece, como resumido acima, outra para os espíritos Rada, que pode ou não ser o mesmo Djevo, uma para os espíritos Petwo, uma para os Nagos, uma para os Ghedes e uma para os Ancestrais. No entanto, templos diferentes podem usar padrões diferentes. Dentro do Djevo, o que posso dizer é que há uma mesa usada como altar ou um altar propriamente dito. Toalha branca e destaque para a Nação Rada. No Vodu tradicional, há muitas imagens de santos católicos, misturados à símbolos africanos e outros. Há também uma ou mais bíblia. No Vodu de ótica pagã, que não é comum e nem bem aceito, há imagens de Loas (quando possível), grimórios e livros ocultistas sérios, vèvès e elementos africanos. Aos pés do altar do Djevo, temos esteiras cobertas com lençol branco (quando vão ser usadas) ou as esteiras ficam enroladas e ensacadas, para manter a limpeza e higiene. Em Djevos tradicionais, é muito comum a imagem de santos e anjos nas paredes, ou são mantidas brancas. Na ótica Pagã, as paredes são unicamente brancas e, no máximo, Vèvès podem estar nelas.

 

O Potomitan

 

O Potomitan (Poteau-Mitan), como já mencionado, é um poste central, devidamente preparado, cheio de simbolismos importante. Ele é o phallus sagrado, símbolo do deus solar (na visão Vodu, Legba e sua Bengala). O Potomitan está também ligado ao primeiro Houngan e Primeira Mambo, Papa Loko e Ayizan. Em volta do Potomitan, podemos ver uma tira de pano enrolada simbolizando uma serpente, ou podemos ver uma serpente desenhada nele. Outros objetos podem ser vistos no Potomitan, como chicote, pequenas cadeiras, chocalhos, cabaças, brinquedos, espadas e etc. Depende um pouco da linhagem de cada Sacerdote.

 

Nada é tão simples, mas nada é à ferro e fogo

 

É importante mencionar que um templo Vodu não é somente um local onde as práticas vão acontecer. Ele é devidamente e ritualisticamente preparado para ser um templo. Há oferendas e sacrifícios diversos para tornar o local sacro. Outro detalhe importante é a capacidade que um sacerdote Vodu tem de "improvisar" um ambiente aleatório para ser usado como um espaço Vodu. Quando um Sacerdote Vodu está longe de seu templo, ele tem meios para sacralizar um ambiente qualquer para ser usado provisoriamente como espaço sagrado.