Agwe

Loa Met Agwe
Loa Met Agwe

 

O mar é um mundo à parte e não há qualquer exagero nessa afirmativa. É do mar que o homem tira seu sustento e muitas vezes o deixa rico. Embarcações afundadas com toda a sua riqueza sempre foi uma constante nos mares. É também de onde vem as pérolas e o sal, ambos produtos de grande valor. É através do mar que culturas se encontraram e trocaram suas riquezas ou algum tipo de desenvolvimento aconteceu (embora nem sempre do ponto de vista positivo). Eu poderia divagar por linhas e linhas falando de como o mar representa a riqueza de um reino inteiro.

 

No Vodu, o soberano deus dos mares é Mèt Agwe. Como não podia ser diferente, Mèt Agwe trás consigo toda essa representação de riquezas e poder financeiro. Ele é visto como um capitão de um navio ou, em alguns casos, como um marinheiro. Até podemos encontrar Agwe retratado como tritão (confesso que é a minha imagem favorita!). Ele é o protetor de todos os que vivem no mar ou do mar, de pescadores à marinha.

É simplesmente impossível não ver em Agwe uma representação de Posseidon, o rei dos mares na religião grega. Assim como Agwe, Posseidon era também visto como um deus de muita riqueza, a quem se buscava auxílio em assuntos financeiros. Por essa extensão, não é raro vermos estátuas do próprio Posseidon nos altares Vodu de Agwe. O Voduísta sabe que se tratam de divindades singulares, mas o simbolismo ou a ideia é a mesma. Agwe é esposo de Lasirèn, a deusa seria, mas ele também mantém um relacionamento com Freda, a deusa do amor, riqueza e beleza (tente não levar essa situações de bigamia ou até de trisais de forma literal, estamos falando de religiosidade, há motivos por trás dessas situações amorosas entre as divindades). 

Durante sua posse, Agwe não fala com palavras, mas com seu olhar e seu abraço somos estranhamente capazes de entender cada palavra. Sentado em direção ás costas de uma pequena cadeira, Agwe simula um pequeno barco, remando com um remo ou com uma bengala, é a forma que ele se locomove no templo. Louvamos Agwe soprando uma concha (lambí) devidamente preparada para esse fim, tirando dela um som grave, capaz de evocar o deus dos mares.

Louvamos Agwe com as cores azul celeste, branco e/ou verde mar (azul-esverdeado). Suas velas são normalmente azul celeste e brancas. Como é um espírito Rada, seu dia de culto é às quintas-feiras. Agwe gosta de coisas caras, mas as pessoas podem começar a cultuar ele com o que tiverem em mãos. É comum ele ser agradado com vinhos importados, de preferência um que tenha cruzado os mares, mesmo que sendo de avião. Tudo o que for de boa ou ótima qualidade, será do agrado de Agwe. Bons cafés com açúcar e creme, licores finos, bons vinhos, boas e suculentas frutas, arroz doce e, claro, água do mar. Em seu altar vemos coisas ligadas ao mar, como barquinhos, areia, pedras, vidro do mar, imagens de tartarugas, peixes, estrelas do mar e etc.

 

 

Se você estiver precisando da ajuda financeira de Agwe, ou até mesmo de um emprego, faça o seguinte:

 

Escolha um local muito limpo, coloque uma toalha nas cores de Agwe, no centro uma bacia ou tigela com água do mar ou água mineral com um pouquinho de sal marinho (não é o sal de cozinha!). Dentro da bacia, acenda uma vela de sete dias, branca ou azul. Debaixo da bacia, coloque o vévè de Agwe desenhado por você mesmo, em um papel sem pauta, e assinado por você. Não use tinta preta para desenhar o vèvè, dê preferência à azul ou verde. Coloque três moedas de igual valor e um galhinho de tomilho fresco (na falta deste, coloque uma borrifada do seu perfume). Com água salgada (não a da bacia, tenha um pouco separado em um copo!), faça três libações no chão, na frente de Agwe, e diga:

 

Papa Legba, abra os caminhos e permita que Agwe venha até mim. Obrigado Papa!

 

Acenda a vela de Agwe e converse com ele, faça seus pedidos. Quando a vela terminar ou se apagar com o contato da água (em alguns casos, o plástico da vela pode estar corrompido), tome um banho com essa água, do pescoço para baixo. As moedas, resto de vela e o vèvè devem ser entregues no mar ou em uma encruzilhada, para que Legba os leve até Agwe.

 

Prometa a ele que assim que seus pedidos forem atendidos, você vai dar-lhe presentes melhores usando seu primeiro pagamento (não todo!). Assim que o pedido for concedido, ofereça a ele o seguinte:

 

Uma vela de sete dias branca ou azul.

Um bom vinho branco e doce.

Um pedaço de bolo enfeitado e de boa qualidade (evite o chocolate preto)

 

Ofereça esses itens sobre uma mesa com toalha nas cores de Agwe, faça a mesma libação para Legba, acenda a vela e agradeça pela ajuda. 24 horas depois, poderá descartar o bolo em uma encruzilhada ou no mar. Sete dias depois, poderá guardar o vinho e continuar oferecendo ao deus dos mares, toda quinta, junto de uma vela comum branca ou azul. Faça isso até acabar com todo o vinho. Ao colocar um novo vinho, o anterior deve ser descartado em um espaço com terra.

 

Vodu Brasil


 

 

Ogou
Vèvè de Ogou (Ogun)

É bom saber: Nos cultos

de Candomblé são

conhecidos os EBOS,

oferendas feitas aos

Orisas. No Vodú, o termo

correto é Wanga e possui

a mesma finalidade dos

EBOS.