Bosou

Bosou
Bosou

 

É incrível como em muitas religiões antigas temos pelo menos um deus híbrido com animal, e ainda mais incrível e a frequente presença de deuses com cabeça de touro. O touro híbrido é sagrado desde a antiga suméria, passou para os babilônicos, assírios, fenícios, israelitas, gregos, egípcios, sudaneses e uma infinidade de povos. O mais incrível é que a essência mitológica desses seres híbridos com humanos sempre foi a mesma. Um filho de uma mulher nasceu com deformidades que o lembravam com um touro (ou tinha de fato a cabeça de touro), então ele cresceu e, por ser muito agressivo, era cultuado a fim de mantê-lo sempre dócil. Mas era também o símbolo máximo da sexualidade masculina, era um deus altamente fálico.

No Vodu, o representante híbrido de homem e touro é Bosou (pronuncia-se Bossú). Ele é uma Loa Petwo bastante agressiva, causando alguns danos físicos no ambiente quando chega em posse e também quando se retira. A primeira sensação que nos dá, ao vermos Bosu chegando, é a de que ele estava acorrentado e, de súbito, consegue estourar as correntes e grita furiosamente como se quisesse alertar do perigo que ele pode ser se não for respeitado. A presença de Bosou em um ritual Vodu é uma das coisas mais assustadoras que se pode presenciar! Mas Bosou é também um deus de imensa fertilidade, sexualidade, um deus fálico e masculino por excelência. A ele se é pedido para ter filhos, ou para que um homem seja curado da disfunção erétil. Bosou é um protetor incrível, capaz de derrotar todos os seus inimigos, sem deixar rastros para cotar história. Por isso ele é evocado e cultuado quando a pessoa está ameaçada de morte. Ele também pode ser cultuado quando se vai fazer uma longa viagem e quer uma proteção extra, para que nenhum mal lhe aconteça.

De fato, Bosou é uma Loa que não deve ser abordada por qualquer um, pior ainda se a pessoa o abordar com leviandade. A fúria de Bosou é tão selvagem e devastadora que não costuma dar tempo de pedir socorro. Existem vários avatares - que na verdade são epítetos tratados como avatares - de Bosou, entre eles podemos encontrar Djobolo Bosou, Bosou Dlo, Bosou Trois Cornes, Bosou Trois Grains, Bosou Ashade (ligado ao rei Tegbessou), Kadja Bosou, Bosou Kondyanman e etc. A parceira de Bosou é Madam Bosou, tendo como filho Kabwatye, ambos com importância segundária e pouco conhecidos fora das Fanmi. Originalmente, embora nem sempre, Bosou é retratado tendo três chifres (Bosou Trois Cornes), fazendo uma forte ligação dele com o mito daomeano de Toxosu (Tohossou), onde uma criança teria nascido com protuberâncias na cabeça, deixando-o com a aparência de um touro. Mais tarde, essa criança foi "canonizada" como um ser híbrido divino, sinal de boa sorte (quase a mesma história que podemos encontrar em meio aos outros povos antigos). Os espíritos da classe Tohossou (ou Toxosu) são os de crianças que nascem com deformidades físicas ou problemas mentais. Na antiga crença daomeana, seriam espíritos das águas que encarnaram na forma física, e quando nasciam, deviam ser entregues de volta às águas (pode se entender de forma literal ou ritualística, dependendo da classe social da família). Mas, entre a realeza, essas crianças eram - convenientemente - consideradas sagradas, e eram cultuadas como Voduns (deuses do antigo reino do Daomé, ainda cultuados). Este foi o caso de Bosou, um filho da realeza!

 

No Vodu Tradicional (Sincrético) ele está ligado à jesus de la buena esperanza.

Vodu Brasil


 

 

Ogou
Vèvè de Ogou (Ogun)

É bom saber: Nos cultos

de Candomblé são

conhecidos os EBOS,

oferendas feitas aos

Orisas. No Vodú, o termo

correto é Wanga e possui

a mesma finalidade dos

EBOS.