Marassa

Marasa, os gêmeos sagrados
Marasa, os gêmeos sagrados

A ideia de gêmeos sagrados em antigas religiões é uma constante. Só para não irmos tão longe na história, basta lembrarmos de Apolo e Ártemis ou, para nos manter na linha de raciocínio africano, os Ibeji. Para os povos mais antigos da terra, a ideia de gêmeos já é sagrada por si só. Dessa forma, o Vodu tem os seus gêmeos, chamado de Marasa. São deuses de muita magia, extremamente respeitados e possuem uma posição muito importante entre os Radas.

Na ordem hierarquica, os Marasa são saudados depois de Legba. Apesar de toda a sua importância, Legba é quem abre os portões para os Marasa (como acontece com qualquer outra Loa!). Em uma visão arcana, os Marasa são a representação da dualidade divina, mas não num simples bem e mal, não é disso que se trata. Essa dualidade representa o nosso reflexo no mundo espiritual, sendo também nós mesmos um reflexo dele. O que está acima também está abaixo. É disso que se trata os gêmeos divinos nas religiões! Enquanto Legba é a unidade, os Marasa são a dualidade, a união do divino com a intenção de criar.

 

Mas há um Marasa Petwo, que pode ser representado como dualidade, mas também pode ser o Marasa Twa, ou os Trigêmeos sagrados. Aqui chegamos a um ponto polêmico, pois as opiniões são diversas. Enquanto a dualidade Rada representa o equilíbrio natural das coisas, o Marasa Twa é o desequilíbrio, há um terceiro gêmeo que quebra esse equilírio divino e as energias que outrora eram criadoras, passam a ser energias de destruição. Mas Marasa Twa, embora perigoso, é também muito importante. É através do eventual desequilíbrio invasor que saímos da estagnação e podemos progredir como seres em evolução. Talvez seja essa a importância secreta de Marasa Twa em nossas vidas.

 

Quando há gêmeos na família, é muito importante cultuar os Marasa, principalmente no aniversário dos gêmeos da sua família. Pessoas que nascem gêmeas tendem a ter Marasa em sua escolta espiritual e por isso é recomendado que cultuem essa Loa. Além dos Gêmeos, os Marasa são protetores de todas as crianças, são espíritos conhecidos por trazer todos os tipos de fertilidade, tanto financeira quando fertilidade sexual.

 

Tudo o que é oferecido aos Marasa precisa ser igual, tanto na arrumação quanto na quantidade (lembre-se de que representam o equilíbrio). Quando estão manifestados em seus médiuns, eles comem muito e sempre estão famintos, querendo cada vez mais. Sempre se sentam no chão, fazem birra, se sujam e sujam as pessoas a sua volta, fazem guerra com doces, lambuzam os convidados com doces e podem se mostram espíritos bem turbulentos e complicados de apaziguar. Os seus médiuns, quando estão sob sua posse, se comportam totalmente como crianças. Entretanto, são procurados por conta de seu grande poder de cura e por serem doadores de grande sorte.

Os Marasa são dificílimos de se cultuar, e muitos preferem evitar fazer negócios com eles. São bons espíritos, de fato, e com um poder imensurável. Mas podem oscilar entre cólera, bagunça, sustos desagradáveis e muita proteção e ajuda. Quero dizer com isso que são espíritos instáveis, podendo ser perigosos por vezes. Essa mudança de atitude se dá por causa de sua grande sensibilidade, os Marasa podem se ofender com uma facilidade incrível. Por isso temos que ter o cuidado de sempre oferecer as duas oferendas idênticas e jamais podemos ocupá-los com pedidos vazios, apenas para preencher nosso orgulho.

Como qualquer outra criança, os Marasa amam doces de todos os tipos, sucos bem docinhos, refrigerantes que não sejam de cola, pipoca doce e brinquedos. Suas cores são o azul claro e rosa bebê ou o verde e amarelo. Fumo, álcool e pimenta estão entre as oferendas proibidas aos Marasa, o que seria uma grande ofensa e você estaria com um grande problema com eles.

 

 

 

Vodu Brasil


 

 

Ogou
Vèvè de Ogou (Ogun)

É bom saber: Nos cultos

de Candomblé são

conhecidos os EBOS,

oferendas feitas aos

Orisas. No Vodú, o termo

correto é Wanga e possui

a mesma finalidade dos

EBOS.